quarta-feira, 10 de março de 2010

Complicação grave da gravidez em enfermos com dengue:




As manifestações clínicas da dengue variam desde um quadro de febre indiferenciada, comum
em crianças, passando por um quadro febril associado com milagias, cefaléia, e dor retroorbitária,
leucopenia frequente e exantema, podendo ou não apresentar petéquias ou hemorragias
leves (Dengue Clássica), até quadros graves conhecidos como Febre Hemorrágica da Dengue e
Síndrome do Choque por Dengue (FHD/SCD).
Nesses quadors graves, a alteração principal é o extravassamento de plasma, na qual o
paciente tem uma etapa febril indistintiva e evolue posteriormente com plaquetopenia (< ou =
100.000 plaquetas/mm³), hemoconcentração, derrames cavitários (pleural, ascite, pericardio),
hipotensão e choque, assim como hematemese e outras hemorragias importantes, o que coloca
o paciente em risco iminente de morte.
Nos países do Sudeste Asiático, a maioria dos casos de FHD/SCD notificados ocorrem em
crianças; não obstante, nas Américas, as epidemias de FHD têm afetado crianças e adultos, com
predomínio, em certas localidades, como no Brasil, nestes últimos.



Na maioria das vezes, as pessoas infectadas pelos vírus dengue não apresentam quaisquer manifestações clínicas. Quando sintomática, a infecção pode provocar um amplo espectro de manifestações, desde formas frustas até apresentações graves, por vezes fatais.
Epidemiologia
A dengue é uma arbovirose transmitida por mosquitos do gênero Aedes, especialmente pelo Aedes aegypti. Existem quatro tipos distintos de vírus dengue, DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A Organização Mundial da Saúde estima que três bilhões de pessoas encontram-se em área de risco para contrair dengue no mundo e que, anualmente, ocorram 50 milhões de infecções, com 500.000 casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e 21.000 óbitos, principalmente em crianças. No Brasil, desde 1986 vêm ocorrendo epidemias de dengue nos principais centros urbanos do país, com cerca de 5 milhões de casos. Tem-se observado um aumento na severidade dos casos. No período de 1990 a 2008, foram registrados 12.681 casos de FHD, principalmente em adultos com a ocorrência de 786 óbitos.
Quando um sorotipo viral é introduzido em uma localidade, cuja população encontra-se susceptível ao mesmo, há a possibilidade de ocorrências de epidemias. Entretanto, para que isso ocorra, é necessária a existência do mosquito vetor em altos índices de infestação predial e de condições ambientais que permitam o contacto do vetor com aquela população.
Manejo
O manejo clínico dos casos suspeitos de dengue tem como principal objetivo evitar a morte do doente. O sucesso dessa meta está diretamente ligado à qualidade da assistência prestada, com uma triagem que permita a identificação dos casos potencialmente mais graves, bem como com a instituição de medidas terapêuticas em tempo hábil.

Organização de Serviços
A redução da letalidade por dengue está, em grande medida, associada à organização da rede de serviços de saúde. A preparação do sistema de saúde para enfrentar uma epidemia de dengue deve feita com bastante antecedência, permitindo a elaboração de instrumentos clínicos e de gestão que possibilitarão o sucesso das ações planejadas e executadas.
As principais diretrizes para a organização dos serviços de saúde poderão ser vistas aqui.
Dengue na Gravidez
O risco de a gestante adquirir dengue é o mesmo de qualquer outro indivíduo. Existem poucas publicações a respeito de complicações para as mulheres grávidas com dengue e seus bebês. Apesar das epidemias ocorridas, má formação congênita não tem sido relatada como associada à dengue. Alguns relatos recentes evidenciaram que, se a mãe estiver infectada com o vírus da dengue em um período próximo ao nascimento do bebê, a criança poderá nascer infectada ou adquirir a doença no momento do parto. Foram relatados casos de mulheres grávidas que apresentaram, de acordo com a idade gestacional, ameaça de aborto ou de parto prematuro, síndrome hipertensiva da gestação, pré-eclâmpsia e eclampsia, todos associados à dengue hemorrágica, com risco de choque hipovolêmico em período próximo ao parto.
O diagnóstico precoce da dengue pode ser dificultado não só pela inespecificidade da clínica e semelhança com outras doenças como também pela possibilidade de confusão com alterações fisiológicas da gestação.
Complicação grave da gravidez, a síndrome HELLP (hemolysis elevated liver enzymes low plaquets) é clinicamente semelhante à dengue hemorrágica, porém com fisiopatologia diversa e abordagem terapêutica completamente diferente.
Desse modo, na gestação, o diagnóstico da dengue depende de observação atenta aos sinais clínicos e aos sinais de alarme, e seu tratamento exige uma equipe de saúde preparada para a abordagem apropriada da mãe e do filho.




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